quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MEDO

"O medo é a Mercadoria mais valiosa do universo. Ligue a TV. O que está vendo? Gente vendendo seus produtos? Não. Gente vendendo o medo de ter de viver sem os produtos deles. O medo de envelhecer, o medo da solidão, o medo da pobreza, do fracasso. O medo é a emoção mais fundamental que temos. O medo é primitivo. O medo vende."

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

PERFEIÇÃO


Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...
Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...
Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...
Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...
Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Trecho de "Aí, mas onde, como" Julio Cortázar

"...Ontem, amanhã, não há nenhuma indicação prévia, ele está ou não está; nem posso dizer que vem, não existe chegada nem partida; ele é como um simples presente que se manifesta ou não neste presente sujo, cheio de ecos de passado e obrigações de futuro."

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

UM DIA DE HANK - PARTE 02




Senti os raios de sol passando pela janela tapada  pelos jornais mal pregados com fita adesiva. Eu estava com um gosto metálico na boca. Que porra de vinho era esse?!
Lembrei da entrevista.

- Caralho! Já deve ser umas.......FILHA DA PUTA!!! Aquela vadia levou meu relógio!

Bebi tanto que nem lembro se fodi a mulata. Olhei a carteira. Limpa. Vasculhei os bolsos da calça e achei uns trocados. Tenho que aprender a não trazer puta pra casa.
Levantei e quase fui ao chão de um escorregão. O chão estava uma poça de vomito só.
Sentei na cama e acendi um cigarro. Passei a mão pelo rosto e notei que teria que tirar a barba. E que horas seriam? A porra da entrevista estava marcada para as 8:30.
Levantei e desviei do vomito e de umas latas de cerveja vazias. O banheiro esta um lixo.
Mijei e tirei a barba. Deixei para cagar na volta, pelo movimento da rua eu não estava com tempo pra isso. Coloquei a mesma roupa da noite anterior e desci.

- Moça, que horas?

- 7:50.

- Agora fudeu tudo!

- Como senhor??

- Desculpe. Pensei alto. Obrigado.

Não tinha dinheiro para pegar um taxi. A puta tinha me fodido de jeito e eu nem ao menos fodi ela. Contei os trocados do bolso. Peguei um ônibus. O calor estava infernal. Ônibus lotado, um empurra empurra desgraçado. Todos dentro do ônibus estavam inquietos. Todos atrasados como eu. Olhei as horas no relógio do cara ao meu lado. 08:05. Talvez desse tempo, não era tão longe assim. O ônibus balançava a beça e meu estômago estava aos trapos. Reparei que um sujeito ao meu lado com cara de rato estava  se aproveitando do balançar do ônibus pra se esfregar numa garota a sua frente. A garota estava toda sem jeito e olhava angustiada para os lados. Na primeira curva que o motorista deu com mais velocidade, cravei meu cotovelo na ponta de suas costelas. O sujeito deu um pulo.

- Ops! Desculpa. Esses motoristas são uns fodidos. Pensam que estão transportando porcos. Fazem curvas a toda velocidade.

O sujeito so me olhou torto, passando a mão nas costelas. Queria ver se ainda tava com tesão pra se aproveitar da moça. Duvido muito, até meu cotovelo doeu. Passei pela moça e pisquei o olho pra ela. Ela me olhou com ar de agradecimento. A próxima parada era a minha. Desci e apressei o passo. Resolvi subir pelas escadas. Eram so três andares.

- Puta que o pariu! Que idéia de merda! - falei ofegante.

Demorei um século pra chegar ao terceiro andar. Minhas pernas tremiam. Vinho escroto!
Olhei o papel. Sala 308. De frente a porta me ajeitei, passei a mão no cabelo e Bati duas vezes. Uma velha com cara de bulldog abriu a porta e me encarou. Olhei rapidamente as horas no relógio pregado no fundo da sala. 08:40. Malditas escadas. Maldita puta. Maldito vinho. A velha continuou me encarando sem dar uma palavra.

- Bom dia. Vim para uma entrevista de emprego.

A velhota fez uma cara de azedo, olhou seu relógio de pulso e falou:

- Você é o candidato das 08:30?

Putz! Pensei. Me fudi.

- Sim senhora, é que...

- O senhor esta com sorte, o Doutor Madureira esta atrasado. Esta no meio de um engarrafamento por causa de uma greve dos bancários.

Viva os bancários. Pensei.

- O senhor vai ter que esperar um pouco.

- Sem problemas. Meu outro compromisso será so após o almoço.

Eu não tinha porra nenhuma pra fazer a semana toda. A velha me pôs numa cadeira na frente de sua mesa e continuou me encarando. Cheirava forte a lavanda barata. Meu estômago  deu umas voltas. O tempo passou se arrastando. O silêncio era aterrador. Olhei o relógio na parede. 10:25.

Malditos bancários! Pensei

A porta se abriu e um gordo com um paletó que parecia mais uma tenda de circo entrou enxugando o suor da testa com um lenço.

- Bom dia dona Vilma.

- bom dia seu...

O gordo suado passou direto e bateu a porta de sua sala sem dar chance da dona bulldog  
Perfumada a melar o bico. Uns vinte minutos depois o interfone toca e ela entra na sala. Mais uns trinta minutos se passam.

Será que o gordo ta enrabando a velhota? Pensei.

Olhei o relógio. 11:11. A porta de abriu e um cheiro forte de lavanda entrou direto no meu nariz. Meu estômago revirou. Maldita lavanda barata. Maldita velha. Maldito vinho barato.

- Senhor... Pode entrar.

A sala cheirava a uma mistura de lavanda e peido. O Gordo estava todo esparramado numa cadeira que parecia que ia desmontar em mil pedaços a qualquer movimento que ele fizesse.

- Sente por favor.

Sentei. Ele puxou um papel e começou:

- Quer dizer que o senhor tem larga experiência em injeção eletrônica?

- Sim senhor.

Não vejo nada de mais em acrescentar umas mentirinhas no currículo.

- E já foi supervisor técnico da Ford.

Putz! Essa acho que exagerei. Nem lembrava de ter escrito isso. Tenho que aprender a não fazer currículo mamado.

- Isso. - respondi

Ele sorriu e acendeu um charuto que parecia mais um cagalhão de tão escuro e fedorento. Meu estômago se contraiu ate ficar do tamanho de uma azeitona.

- Vejo que esta desempregado a um bocado de tempo para um currículo tão vasto.

Me olhou esperando minha reação e deu uma baforada de fumaça na minha cara. Foi o bastante. O jato de vomito foi direto na mesa de Formica cinza inundando tudo pela frente.

- PUTA QUE PARIU CARALHO! - Dona Vilma! Tira esse cuzão da minha sala agora!

Pensei se o que me restava do dinheiro daria para o ônibus e um jornal para ver as ofertas de emprego. Maldito Gordo! So me restava voltar pra casa e dar uma bela cagada.




Eduardo Ramos


terça-feira, 23 de agosto de 2011

UM DIA DE HANK - PARTE 01



 Desliguei a luz, fechei a porta e desci as escadas. Eram quatro andares. Desci de dois em dois degraus. As paredes gastas e amareladas tornavam o lugar mais decadente. Uma porta entreabriu e fechou logo em seguida. Algum morador entediado com a TV procurando vida ao vivo. Olhei a rua quase deserta. Olhei o relógio, 22:45. Fiquei na dúvida entre pegar um taxi ou ir a pé. Eram apenas dez quadras, resolvi caminhar. Acendi um cigarro e fui andando sem pressa. Dobrei a esquina e comecei a descer a ladeira. Eram meados de setembro e a brisa soprava constante no meu rosto. O céu estava com pouquíssimas nuvens e as estrelas se emaranhavam de tantas que haviam. Fazia tempo que não via um céu tão estrelado. Um bêbado de aspecto lastimável me parou e pediu um cigarro. Enquanto tirava o maço do bolso ele coçou o fundo das calças, que por sinal estavam aos farrapos, e perguntou:

-  O companheiro sabe a quanto fechou o dólar?

Entreguei o cigarro, fiz que não com a cabeça e continuei andando.

- Ei! Ei!

Olhei pra trás e era o bêbado novamente.

- Tens fogo?

Acendi seu cigarro.

- Obrigado companheiro. Vá com Deus.

No caminho dei de frente com putas, veados, esmoleis e drogados. Todos tentando alguma coisa comigo. Segui em frente sem dar atenção. Já havia feito minha boa ação da noite com o bêbado economista.

Chegando na porta do bar um taxista me aborda.

- Doutor, precisando de companhia pra noite é so falar comigo. São todas de primeira. Franguinhas selecionadas. Carne nova doutor!

Agradeci e entrei no bar. Sentei no primeiro banco que encontrei no balcão.

- Por favor um whisky e uma água.

O garçom so me olhou de canto de olho e trouxe meu pedido. O bar estava com todas as mesas ocupadas. Uma mistura de turistas, boêmios, bêbados e putas. Sem sombra de dúvidas não era ambiente familiar. Tocava alguma coisa meio merengue meio salsa. Nunca fui bom em diferenciar as duas. Que seja. Olhei para o copo e virei de um trago so.

- Mais uma dose amigo.

Logo o copo já estava novamente abastecido. A luz era pouca mais dava pra ver o semblante das pessoas. Todas meio sem vida. Poucas feições.Procurei um espelho ao redor para ver se eu aumentava as estatísticas. Fiquei em dúvida.

- Um cidadão que estava sentado ao meu lado que desde que eu cheguei não tirava os olhos da TV se virou e falou:


- Estes chineses vão dominar o mundo!

Olhei e dei um sorriso forçado..

E o sujeito continuou.

- Estes amarelos de merda vão fuder com o mundo! A economia vai se render a eles. Tudo é feito na China. Daqui a pouco vou dar um cagalhão e vai ter "Made in China" nele.

Fiz que concordei com a cabeça e ele logo voltou a olhar para a TV.  Mal terminei minha dose e ele novamente interrompe:

- Esses politicos sempre se safam. Esse ai subornou o juiz da...

- Ah, vai se fuder  - Falei pra ele e fui sentar na outra ponta do bar.

Ele ficou parado me olhando com cara de bunda mal lavada e ainda ouvi ele dizer:

- Esse cara é um maluco...

Que se foda ele e quem concordar. Tava cheio de papo trivial. Pedi mais uma dose e uns amendoins pra forrar o estomago. Eram 23:20 e o bar ainda estava cheio para uma quinta-feira. Lembrei que bem cedo teria que ir numa entrevista de emprego em uma loja de autopeças. O salário era um lixo, mas minha reserva estava no fim e logo teria que pagar o aluguel. Meu último emprego durou 23 dias como vendedor numa loja de roupas safadas. O Gerente me pegou tomando uns tragos no deposito no intervalo do lanche e me colocou na rua. O filho de uma puta nem imaginava que eu estava enrabando a Charlene, auxiliar do financeiro, que por sinal era sua filha.
Prefiro beber a comer. Me da mais animo.
Umas putas entraram no bar rindo alto e uma delas veio em minha direção. Era uma mulata bem alimentada e de sorriso largo.

- E ai, ta afim de companhia?

- Não to afim de trepar hoje, mas se quiser um trago eu pago.

Ela sentou e falou:

- Gil, o mesmo que meu amigo aqui ta bebendo.

Ficamos calados por um tempo e ela perguntou:

- Foi corneado ou despedido?

- Estou tão acabado assim – Eu perguntei

- Ta com uma cara de que comeu merda estragada.

Sorri. Era o que me restava.

- Mudei de idéia. Gostei de você. Vamos lá  pra casa.

- Gil, a conta.

Passamos numa loja de conveniência e comprei um garrafão de vinho barato. Precisava dar uma aliviada para a entrevista de amanhã.


 Eduardo Ramos


sábado, 30 de julho de 2011

Rolling In The Deep

Superman (It's Not Easy)




I can't stand to fly
I'm not that naive
I'm just out to find
The better part of me

I'm more than a bird...I'm more than a plane
More than some pretty face beside a train
It's not easy to be me

Wish that I could cry
Fall upon my knees
Find a way to lie
About a home I'll never see

It may sound absurd...but don't be naive
Even Heroes have the right to bleed
I may be disturbed...but won't you concede
Even Heroes have the right to dream
It's not easy to be me

Up, up and away...away from me
It's all right...You can all sleep sound tonight
I'm not crazy...or anything...

I can't stand to fly
I'm not that naive
Men weren't meant to ride
With clouds between their knees

I'm only a man in a silly red sheet
Digging for kryptonite on this one way street
Only a man in a funny red sheet
Looking for special things inside of me

It's not easy to be me.

Shadow of the Day




I close both locks below the window.
I close both blinds and turn away.
Sometimes solutions aren't so simple.
Sometimes goodbye's the only way.

And the sun will set for you,
The sun will set for you.
And the shadow of the day,
Will embrace the world in grey,
And the sun will set for you.

In cards and flowers on your window,
Your friends all plead for you to stay.
Sometimes beginnings aren't so simple.
Sometimes goodbye's the only way.

And the sun will set for you,
The sun will set for you.
And the shadow of the day,
Will embrace the world in grey,
And the sun will set for you.


And the shadow of the day,
Will embrace the world in grey,
And the sun will set for you.


And the shadow of the day,
Will embrace the world in grey,
And the sun will set for you.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Creep

When you were here before
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel
Your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
I wish I was special
So fucking special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

I don't care if it hurts
I wanna have control
I wanna a perfect body
I wanna a perfect soul
I want you to notice
When I'm not around
You're so fucking special
I wish I was special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here.

She's running out again
She's running out
She run, run, run, run
Run

Whatever makes you happy
Whatever you want
So very special
I wish I was special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here
I don't belong me

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Epifania

Foi como água fria quando eu enxerguei a verdade
E agora quem segurará minhas mãos?
Quem vai me ouvir agora?
E quem vai ouvir meus lamentos?
Quem vai me proteger quando a noite cair?
E como um filho abandonado
Sozinho e indefeso
vejo como tudo foi em vão
e eu não posso contar com suas mãos
Quem vai me ouvir agora?
E quem vai ouvir meus lamentos?
Quem vai me proteger quando a noite cair?
Foi como água fria quando eu enxerguei a verdade

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Kenny Rogers & The First Edition - Just Dropped In

MIA COUTO




"No fundo, não estás a viajar por lugares, mas sim por pessoas"
Mia Couto – Escritor Moçambicano

BUKOWSKI EM DOSE TRIPLA


Ao Sul De Lugar Nenhum: Bukowski mais azedo que o normal

Factótum: Sua peregrinação por empregos em troca de uns trocados para seus tragos incessantes. Bom.

Pulp: Uma bom conto policial ao estilo dele.

A VARANDA DO FRANGIPANI


Mia Couto desmancha poesia nas páginas...

Pequenos trechos:


“Toquei a árvore, colhi a flor, aspirei o perfume. Depois divaguei na varanda, com o oceano a namorar-me o olhar.
Lembrei as palavras do pangolim:
- Aqui é onde a terra? se despe e o tempo se deita.”

“Nessa altura, eu ainda via os homens como as aves entendem a nuvem: um lugar onde se pode passar mas nunca habitar.”

Os únicos que conhecem a verdadeira cor do mar são as aves que olham de um outro azul.”

“Aconteceu assim: primeiro, me acabou o riso; depois, os sonhos; por fim, as palavras. É essa a ordem da tristeza, o modo como o desespero nos encerra num poço húmido.”

“Fui sabendo dessa maldição nas primeiras vezes que chorei. Enquanto lacrimejava eu ia desaparecendo. As lágrimas lavavam a minha matéria, me dissolviam a substância”

“Antes de me tocar pedia-me que chorasse. As lágrimas me escorriam e ele as sorvia como se fossem a última água. Aquela era a fonte que lhe dava alento. Mais que minha própria carne. Hoje, que já não choro, entendo Vasto. Pela lágrima nos despimos. O pranto desoculta a nossa mais íntima nudez.”


terça-feira, 29 de março de 2011

Com toda calma

Observo a lua banhar teu corpo
e a inveja me toma por alguns instantes
alcanço o céu, colho estrelas e entorno em teu caminho
faço o tempo passar mais lentamente
pra te observar com toda calma
pois é preciso calma para entender este vendaval
teu olhar desnudo transpoe minhas barreiras e me invade a alma
e o silencio inunda e entorpece minha mente
que de tao fragilizada, devaneia em teus movimentos incertos

O Pescador


O sol estava quase sem fôlego. Em um esforço inútil de tocar a lua, lançava seu últimos raios minguados aos céus. Esse, por compaixão, absorveu sua angustia e se torno rubro, como se vertesse sangue das nuvens. A lua, impoluta, de um branco prateado, não tomou conhecimento. Estava ocupada demais em fixar seu olhar ao mar. Não para seduzi-lo, mas para poder ver seu reflexo pairando sobre aquela imensidão. Mal sabia a lua que toda sua beleza era obra do sol e que seu brilho era apenas reflexo deste, que a abraçava a distância.

Quando terminei de ver aquele desencontro, o céu já estava se pintando de estrelas. Olhei ao meu redor e todos já se preparavam para partir. Resolvi ficar.

Em poucos minutos eu estava sozinho. O som das ondas quebrando me embalaram pensamentos. Não sei quanto tempo fiquei assim, mas quando dei por mim a noite já caia sobre meus pés.

Observei que ali perto, em pé diante do mar, uma pessoa olhava fixa no horizonte. Me levantei, sacudi a areia das mãos e caminhei ao seu encontro. Não sei o que me levou a faze-lo. Não sou de puxar conversa, quanto mais com um estranho, no meio da noite em uma praia deserta. Mas o fiz. Algo me atraiu.

Era um homem de idade já avançada, a pele escura bem surrada do sol. Seus cabelos eram de um preto ultimado. Vestia apenas uma bermuda e sandálias de couro baratas. Sua barba era volumosa e mal cuidada. Não desviou seu olhar de onde estava fixado ao me perceber chegando. Acompanhei seu olhar e permaneci em silêncio.

Ficamos assim por um bom tempo. O mar se arremessavam em nossa direção e em certo momento nos tocou os pés. Aquilo fez com que o velho despertasse de seu transe. Baixou a cabeça, respirou pesadamente e me olhou. Nada disse. Sorri e perguntei seu nome.

- Mestre Aldo

Sua voz soou firme como seu olhar.

- prazer, me chamo Kai.

O velho me olhou torto e disse:

- Que diacho de nome é esse!?

Sorri e expliquei:

- É de origem havaiana. Significa oceano.

Ele esboçou um sorriso.

- E o senhor sabe o significado do seu?

- do meu o que?

- do seu nome ora!

- não

- Eu também não faço idéia, mas espera um pouquinho...

Puxei do bolso meu celular e em menos de um minuto tinha a resposta.

Aldo: Significa velho, sábio, experiente. Indica uma pessoa que tem grande possibilidade de desenvolvimento espiritual, mas que não deve descuidar do lado material da vida.

O velho ouviu minhas palavras e saiu andando.

- Espere!

- Esta ficando tarde menino, vamos voltar.

Virou as costas para mim e tornou a andar.

- Espere! O que você faz aqui?

- Sou um velho pescador.

- Não, digo...o que você faz aqui na praia uma hora dessa?

- posso perguntar o mesmo do menino?

- Bem, vim ver o por do sol.

- O sol já se foi a bastante tempo. Outras pessoas também o vieram ver e já se foram.

O velho olhou para o céu e como esperasse uma explicação a aguardou.

- Olha, na verdade eu vim pra fugir um pouco da vida que estou levando. Vim espairecer. Tentar me encontrar saca?

- Hum...

Mestre Aldo não falou mais nada. So me olhou da cabeça aos pés e ficou me encarando.

- Agora posso saber o que você faz aqui numa hora dessa?

O velho olhou mais fundo em meus olhos, como estivesse invadindo meus pensamentos.

- O menino não se acha novo demais para já querer se encontrar?

- Eu tenho 22 anos e...

- Nos não temos uma idade certa para nos encontrar - Me interrompeu o velho pescador.

- Nós nos encontramos todos os dias. - continuou - No abrir dos olhos, no ouvir, nos encontramos nos momentos de alegria, nos de tristeza, nas perdas, nas vitórias, nas páginas de um livro, no saborear de um alimento, no amor e até no fim de um amor.

Respirei para tentar absorver tudo aquilo que escutei. Como poderia falar coisas tão profundas? O velho Aldo parecia nem saber ler e falava em livros!

- Sua mãe parece que sabía do futuro quando escolheu se nome né? Velho e sábio.

- Porque o menino acha que fugindo, seus problemas vão sumir? Não seria melhor ficar e puxa-los bem pra perto? Vendo-os de perto, somos capazes de encontrar detalhes e nos detalhes estão as soluções.

Pela primeira vez eu realmente olhei bem nos olhos do velho. Estava escuro, mas não tinha como não nota-los. Tinham um cor azul desbotada. Como se de tanto olhar o mar, seus olhos se tornaram parte da paisagem.

O efeito do sol castigou-o ao longo dos anos. Sulcos profundos marcavam sua face.

Era o rosto de um homem sofrido mas ainda com bastante vida.

O velho pescador voltou a falar:

- Nós as vezes precisamos ficar só, mas não para fugir da vida e sim para encara-la. Ela vai te dar muitos esbarrões, mas também vai te puxar pra perto, te acolher. Olhe o mar menino. O que você vê? A maré quando esta subindo açoita a praia com tanta fúria e logo em seguida quando esta baixando, a puxa com tal força que suga todos seus grão, mesmo os minúsculos. São idas e vindas. São encontros e desencontros.

Aldo terminou a frase estendendo o braço me apontando o mar.

- Eu estou sem palavras - Eu disse ao velho

Ele continuou olhando para o mar e falou:

- O que você esta sentindo não precisa ser verbalizado. Precisa ser sentido e transmitido.

Aquelas palavras entravam em meus ouvidos fazendo minha mente estremecer e ao mesmo tempo se inundar de sentimentos. O silêncio permaneceu por mais um tempo e ficamos escutando o chicotear do ventos nas palmas dos coqueiros. Resolvi depois de um tempo insistir.

- E você, pode finalmente falar o que estava fazendo aqui?

- Venho todas as noites olhar o mar, sentir sua presença. Ele me acolhe e acalma.

- mas você esta fugindo de algo?

O pescador sorriu pela primeira vez. Notei que lhe faltavam alguns dentes.

- Olha menino, pode não parecer, mas me criei na cidade. Assim como você, resolvi me esquivar da vida. Larguei família, trabalho e amigos. Vivo só desde então. Eu e o mar. O mar e eu. Eu sempre venho ao encontro dele na esperança de um dia ele me encontrar. Estou enfrentando a vida. Fugir dela nunca foi uma solução. Precisamos estar cercados de pessoas que nos fazem bem. Elas é que fazem a vida valer a pena. Eu abri mão destas pessoas, mais você menino, ainda está em tempo. Se cerque de pessoas que te façam os olhos brilharem, que te façam sorrir, que te deixem leve.

O velho Aldo pousou sua mão em meu ombro e mais uma vez me invadiu a alma com seus olhos.

Por um momento tive a impressão de ver uma lágrima rolar de seu olho.

Baixei o olhar e fui de encontro ao mar. Parei quando as ondas me acertaram os joelhos. Senti o seu ir e vir. Olhei para o horizonte da mesma maneira que encontrei o velho pescador, absorvendo a vida. Abri os braços e deixe o vento me acertar. Tudo aquilo me fez lembrar de uma frase que vi em um filme.

"A felicidade só é plena quando compartilhada"

Um alivio imediatamente percorreu meu corpo. Como se as ondas me lavassem e o vento me varresse, me senti puro. Senti que era hora de voltar. Precisava agradecer a Aldo. Quando me virei vi que estava sozinho. Eu e a noite. Voltei para o hotel e dormi como não dormia há tempos. Pela manhã, antes mesmo do café da manhã, fui no saguão do hotel saber como chegar na vila dos pescadores.

- Bom dia. Você poderia me informar onde fica a vila dos pescadores, estou precisando falar com um pescador.

- Desculpe senhor mas não temos pescadores nesta área.

- Como assim não tem pescadores?

- Senhor, as correntes não favorecem a pesca nesta praia, mas se o senhor quiser lhe indico um restaurante que tem ótimas opçōes de peixes.

Não ouvi mais nada que a moça falou. Sai dali para o quarto tentando processar o ocorrido. A noite voltei a praia e esperei o por do sol. O velho Aldo não apareceu. Ainda esperei um bom tempo e nada. Talvez o mar o tenha encontrado finalmente. Pela manhã parti de encontro a vida.


Eduardo Ramos

terça-feira, 15 de março de 2011

"Quando você olhar para algum corpo
Que não seja tão perfeito
Olhe direito
Pois cada olhar contém o seu defeito"

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Todo Amor Que Houver Nessa Vida

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

Madrugadas Insalubres

Pela janela entre aberta já não entrava mas vento. Isto contribuía para lhe deixar mais sufocado dos que se sentia. Em sua escrivaninha papéis espalhados se misturavam com cinzas de cigarro. A noite estava calma, salvo latidos de um cão ao longe. Sentou, apertou os olhos como quem revira a memória atrás de lembranças perdidas e cerrou os lábios. Acendeu um cigarro, suspirou e por um momento se lembrou de seu primeiro cigarro. O dividiu com um amigo atrás da escola na hora do intervalo. Mas isso fazia muito tempo e muitos outros amigos vieram e sumiram como a fumaça de tantos que fumou. O latido do cão o fez voltar de seu passado. Suas mãos suavam e isso o deixava incomodado. Se levantou, foi ao banheiro e abriu a torneira mas ficou só olhando a água cair. Se olhou no espelho. Já não reconhecia mas quem estava a sua frente. As olheiras já proeminentes, os lábios ressecados, a barba por fazer e o cabelo mau cuidado contribuíam para isso. Sentou novamente e ensaiou escrever, mas a impaciência não deixou. Respirou forte e passou as mãos no rosto. Ficou alguns instantes imóvel e olhou para o relógio, 04:50. O sol daqui a pouco apareceria para mais um dia obvio, com pessoas obvias. Passou o cigarro entre os dedos, franziu a testa e balançou a cabeça em sinal de descontento. Para alguém que já sonhou em tocar as estrelas, não ter perspectivas para as próximas horas era algo no mínimo irônico. Passou os olhos pelo quarto sem direção e parou na janela. Já estava clareando quando abriu a gaveta e puxou um livro já surrado. Abriu com cuidado em uma página específica e ficou contemplando. Tirou de dentro um papel já amarelado e leu seu conteúdo. Seus olhos se encheram de lágrimas. Já nem lembrava mais o seu último sorriso. Se levantou rápido, como que fugindo dos pensamentos e guardou o livro. Era hora de ir trabalhar. Em frente ao trabalho ajeitou a camisa, respirou fundo e com um sorriso amarelo passou pela portaria e falou:

- Bom dia.

”Eu acredito que ao deixarmos um lugar, parte dele vai conosco e uma parte nossa fica. Vá em qualquer lugar da estação, quando houver silêncio, e escute. Após um tempo você ouvirá os ecos de todas as nossas conversas, cada pensamento e palavra que trocamos. Muito depois que nos formos, nossas vozes ainda soarão por estas paredes, enquanto este lugar existir. Mas eu reconheço que a parte de mim que se vai, sentirá muita falta da parte de você que fica.”



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"De tempos em tempos... você cometerá erros. Eles são inevitáveis. As vezes esses erros serão enormes. O que importa é que você aprenda com eles. Não há nada errado em cair... sempre que termine cinco centímetros mais alto quando se levantar do chão.
As Vezes... você pode acabar muito longe de casa. E não se sentirá seguro de onde pertence... mas seu lar sempre estará aí. Porque lar não é um lugar. É onde quer que tua paixão te leve.
E ao continuar teu caminho... você perderá alguns amigos e ganhará novos. O processo é doloroso, mas é muitas vezes necessário. Eles mudarão e você mudará, porque a vida é mudança. De tempos em tempos eles encontrarão seus próprios caminhos e talvez esses caminhos não sejam o seu. Aprecíe-os pelo que eles são... e lembre-se deles pelo que eles foram.
Eu realmente acredito que cedo ou tarde, não importa o que aconteça... As coisas se ajeitam.
Teremos momentos difíceis. Nós sofreremos. Perdemos gente amada. O caminho nunca é fácil. Nunca se imaginou que fosse fácil. Mas no final das contas... se você permanece fiel ao que você acredita... as coisas se acertarão.
Sempre esteja disposto a lutar pelo que você acredita. Não importa se 1000 pessoas concordem com você ou uma pessoa concorda com você.
Não importa se você estiver completamente sozinho. Lute pelo que você acredita."


"Eu não conheço o propósito do destino humano. Não sei por que razão existo no grande esquema místico das coisas, mas de uma coisa estou certo, agora e sempre... Enquanto houver vida em meu corpo, enquanto o sangue correr em minhas veias, eu farei o que meu coração e consciência ditarem.
Jamais causarei mal a outro ser e vou agir com todos como gostaria que agissem comigo.
Se tais atos me causarem tristeza, então com orgulho suportarei tal fardo, seguro de saber que fiz o melhor. Homem algum pode fazer mais."

"Não tenho um destino.
Vou para onde os ventos do acaso me levam.
Eu conheci a precipitada exaltação da vitória e a dor torturante da derrota. Mas jamais poderei deixar de buscar um oásis de sanidade nesse deserto de loucura que os homens chamam Terra. Pois o pior de todos os destinos nestes incontáveis mundos e infinitas estrelas é ser eternamente sozinho."

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011



"Nothing unusual, nothing's changed
Just a little older that's all
You know when you've found it,
There's something I've learned
Cause you feel it when they take it away"

I can't take my eyes off of you

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011




"Nothing unusual, nothing strange
Close to nothing at all
The same old scenario, the same old rain
And there's no explosions here
Then something unusual, something strange
Comes from nothing at all"

domingo, 13 de fevereiro de 2011

SOMEWHERE




O que falar de um filme de Sofia Coppola? O que esperar de um filme de Sofia Coppola?
Um filme de poucos dialogos, assim com encontros e desencontros, mas com cenas memoráveis. Sofia consegue extrair a essencia do personagem, interpretado pelo ator Stephen Dorff. Suas angustias, decepções, sua ausência como pai, enfim, os sentimentos muitas vezes postos em baixo do tapete pelas pessoas. A cena da piscina é maravilhosa e sutil, banhada pela trilha do Strokes, com a musica I´ll Try Anything Once.






Bono recitando Bukowski

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Capitão Saiu Para o Almoço e os Marinheiros Tomaram Conta do Navio

Cada vez que leio Bukowski me impressiono com sua forma direta e crua de escrever. Em apenas 30 páginas podemos nos deparar com coisas como:

"Um escritor não deve nada, exceto ao seu texto. Ele não deve nada para o leitor, exceto a disponibilidade da página impressa."

"A imortalidade é uma estúpida invenção dos vivos"

"Somos aterrorizados e esmagados pelas trivialidades, somos devorados por nada"

Citando Descartes, Hume, Kierkegaard e Sartre: " Quando você pega homens como esses e os compara aos homens que vejo caminhando nas ruas ou comendo em cafés ou aparecendo na tela da TV, a diferença é tão grande que alguma coisa se contorce dentro de mim, me chutando as tripas."

"A maioria das pessoas não está pronta para a morte, a sua ou a dos outros. Ela as choca, as apavora. É como uma grande surpresa. Diabos, não deveria ser nunca. Levo a morte em meu bolso esquerdo. Às vezes, tiro-a do bolso e falo com ela: "Oi gata, como vai? Quando virá me buscar? Vou estar pronto."

"O que é terrível não e a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até sua morte."

"Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Esquecem logo como pensar, deixam que os outros pensem por elas... ... Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouvi-la. A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada para morrer."

Putz!!! "A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada para morrer."

"Raramente encontro uma pessoa rara ou interessante. É mais que pertubador, é um choque constante. Está me tornando um maldito mal-humorado. Qualquer um pode ser um maldito mal-humorado, e a maioria é. Socorro!"

"Não há nada que impeça um homem de escrever, a não ser que ele impeça a si mesmo. Se um homem quer realmente escrever, ele o fará. A rejeição e o ridículo apenas lhe darão mais força. E quanto mais for reprimido, mais forte ele se torna, como uma massa de água forçando um dique. Não há perdas em escrever; faz seus dedos do pé rirem enquanto você dorme; faz você andar como um tigre; ilumina seus olhos e coloca você frente a frente com a Morte. Você vai morrer como um lutador, será reverenciado no inferno. A sorte da palavra. Vá com ela, mande-a. Seja o Palhaço nas Trevas. É engraçado. Mais uma linha..."

Bukowski é um monstro na arte de alfinetar a sociedade! Viva Bukowski!!!











sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Alta Vista Premium Malbec 2007




A Alta Vista é integrante do grupo francês Vitivinícola Edonea, a bodega franco-argentina localizada na região de Mendoza. O enólogo Patrick d’Aulan comanda a bodega que vem se destacando pela qualidade e elegância de seus produtos. Entre eles, destaco a linha Premium.

O Premium Malbec é um vinho estruturado, redondo, com elegante presença no paladar, expressando todo o seu caráter varietal. Metade da produção desse vinho estagiou em barricas de carvalho francês (80%) e americano (20%) por aproximadamente doze meses. A sua cor é rubi bem escuro. Forma lágrimas abundantes na taça. Aromas amplos de frutas vermelhas e ao fundo calda de açúcar queimado. Álcool um pouco acima do ideal, recomendo deixar respirando por uns 30 minutos. Bom corpo, acidez está perfeita. Taninos presentes, mas domados. Persistência bem longa. Na Wine Enthusiast obteve 88 pontos e esta indicado como best buy e medalha de ouro na Vinalies Internacionales em 2007.

Para quem gosta do estilo da Malbec, pode comprar sem medo. O preço é bom, em torno de R$ 32,00. Se você gosta passear pelos sites das vinícolas, recomendo uma visita ao endereço da Alta Vista, dificilmente encontrará um site tão recheado de informações como esse: http://www.altavistawines.com/.

Fonte: http://sequetin.blogspot.com

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Filme: Encontros e Desencontros 2003



Bons dialogos, boa fotografia. Filme de ritmo lento, mas inteligente e reflexivo.

Catena Malbec 2007, um vinho que merece destaque entre os "bons e baratos!"






O italiano Nicola Catena plantou em Mendoza o seu primeiro vinhedo Malbec em 1902, até então, Malbec tinha sido utilizado nos vinhos de Bordeaux. No entanto, Nicola suspeitava que ia encontrar o seu esplendor oculto na Cordilheira dos Andes. Domingo, seu filho mais velho, herdou este sonho e levou a vinícola da família para o próximo nível, tornando-se um dos maiores vinhedos de Mendoza. Hoje é indiscutivelmente um dos melhores produtores da Argentina, Para a Wine Spectator, trata-se do "líder inquestionável de qualidade na Argentina" e, para Parker, "Catena representa o máximo em vinhos da América do Sul". A Catena virou referência internacional para o Malbec argentino.

Esse vinho é o melhor exemplo de um grande Malbec argentino, o Catena Malbec se tornou um verdadeiro clássico. Já foi indicado como um dos "100 Melhores Vinhos do Mundo" pela Wine Spectator, um feito surpreendente para um vinho desta faixa de preço! Segundo Jancis Robinson, ele "tem a estrutura de um grande Bordeaux, oferece mais do que o esperado!"

Suas uvas são colhidas de quatro diferentes vinhedos, que possuem altitudes diferentes; Vinhedo Angelica, que fica a 860 metros acima do mar; Vinhedo La Piramide, 940 metros; Vinhedo Altamira, 1.160 metros; e Vinhedo Adrianna, 1.500 metros. A combinação resultou em um vinho de alta qualidade. A cor é um violeta intenso, apresenta aroma frutado, lembrando amoras, ameixas, cereja e também chocolate, encorpado, combinação perfeita entre álcool e acidez, taninos redondos, e um rico final de boca! Vale dizer que este vinho descansou por 12 meses em barricas de carvalho, sendo 70% francês e 30% americano. Na minha opinião vale a pena decantá-lo uns 20 ou 30 minutos antes de servir.

Esse vinho é fácil de encontrar por aí, mas notei uma grande diferença de preços nessas diversas lojas que o vi. Quando comprei, a menos de uma mês paguei bem barato R$ 49,00, mas como disse cheguei a vê-lo por até R$ 62,00. A Mistral (www.mistral.com.br), empresa que o importa, disponibiliza em seu site por R$ 52,65. De qualquer forma é um vinho excelente, que vale bem mais do que custa!

Fonte: Vinhos Bons e Baratos http://sequetin.blogspot.com/

sábado, 8 de janeiro de 2011

LENDO E GOSTANDO MUITO - MISTO-QUENTE - Charles Bukowski



O que pode ser pior do que crescer nos Estados Unidos da recessão pós-1929? Ser pobre, de origem alemã, ter muitas espinhas, um pai autoritário beirando a psicopatia, uma mãe passiva e ignorante, nenhuma namorada e, pela frente, apenas a perspectiva de servir de mão-de-obra barata em um mundo cada vez menos propício às pessoas sensíveis e problemáticas. Esta é a história de Henry Chinaski, o protagonista deste romance que é sem dúvida uma das obras mais comoventes e mais lidas de Charles Bukowski (1920-1994).

Verdadeiro romance de formação com toques autobiográficos, Misto-quente(publicado originalmente em 1982) cativa o leitor pela sinceridade e aparente simplicidade com que a história é contada. Estão presentes a ânsia pela dignidade, a busca vã pela verdade e pela liberdade, trabalhadas de tal forma que fazem deste livro um dos melhores romances norte-americanos da segunda metade do século XX. Apesar de ser o quarto romance dos seis que o autor escreveu e de ter sido lançado quando ele já contava mais de sessenta anos, Misto-quente ilumina toda a obra de Bukowski. Pode-se dizer: quem não leu Misto-quente, não leu Bukowski.