terça-feira, 8 de maio de 2012

Não há iates em meu futuro

A ideia que John Lasseter propôs chamava-se Toy story. Vinha da crença, que ele e Jobs compartilhavam, de que produtos têm uma essência, um propósito para o qual foram feitos. Se o objeto tivesse sentimentos, seria baseado no desejo de realizar sua essência. O propósito de um copo, por exemplo, é conter água; se tivesse sentimentos, ficaria feliz quando cheio e triste quando vazio. A essência de uma tela de computador é interagir por meio de uma interface com um ser humano. A essência de um monociclo é ser montado num circo. No que diz respeito aos brinquedos, seu propósito é serem usados para as crianças brincarem, e portanto seu temor existencial é o de serem descartados ou superados por novos brinquedos. Desse modo, um filme de amigos juntando um velho brinquedo favorito com um resplandecente brinquedo novo conteria um drama essencial, sobretudo quando a ação girasse em torno da separação entre os brinquedos e seu dono. A descrição original começava assim: “Todo mundo passou pela experiência traumática de perder um brinquedo quando criança. Nossa história adota o ponto de vista do brinquedo que perde e tenta recuperar o que há de mais importante para ele: ser usado para as crianças brincarem. Essa é a razão de existirem brinquedos. É o alicerce emocional de sua existência”. ...No começo do ano, Jobs tinha tentado achar um comprador para a Pixar que pelo menos lhe permitisse recuperar os 50 milhões de dólares que investira. No fim do dia, as ações que retivera — 80% da empresa — valiam mais de vinte vezes aquela importância, cerca de 1,2 bilhão de dólares. Isso correspondia a aproximadamente cinco vezes o que ele ganhara quando as ações da Apple foram postas à venda em 1980. Mas Jobs disse a John Markoff, do New York Times, que o dinheiro não tinha grande significado para ele. “Não há iates em meu futuro”, disse ele. “Nunca fiz isso pelo dinheiro.”

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