quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Glenn Gould
Glenn Herbert Gould (25 de setembro de 1932; 4 de Outubro de 1982) foi um genial e renomado pianista canadense, conhecido especialmente por suas gravações de Johann Sebastian Bach. Suas gravações das Variações Goldberg são consideradas um marco na música ocidental do século XX. Gould abandonou as apresentações ao vivo em 1964, dedicando-se, desde então, apenas às gravações em estúdio, pelo resto de sua carreira, com um estilo de tocar muito peculiar, muitas vezes excêntrico.
Meu Mundo e Nada Mais
À meia-noite, à meia luz, sonhando
Daria tudo por meu mundo e nada mais"
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Carpaccio
O Carpaccio surgiu meio por acaso num beco sem saída perto da Praça São Marcos, em Veneza. Ali, na Calle Vallaresso nº 1232, fica o Harry's Bar - de Giuseppe Cipriani que, nos seus quase oitenta anos, foi sempre freqüentado por gente famosa, Ernest Hemingway, Somerset Maugham, Arturo Toscanini, Orson Welles, Aristóteles Onassis, Maria Callas, Truman Capote, Charles Chaplin. Para eles Ciprianni inventou drinks de sucesso -como o "Bellini" ou o "Tiziano".
Mas nada lhe deu tanto prestígio quanto aquelas lâminas muito finas de carne crua, acompanhadas de molho à base de mostarda. Tudo se deu em 1950, quando a condessa Amália Nani Moncenigo pediu a seu velho amigo Giuseppe, que lhe preparasse algo com carne crua (rica em ferro) - exigência do seu médico, que tentava curá-la de severa anemia.
Não era tarefa fácil. Sobretudo porque havia, nesse tempo, grande preconceito em relação a carnes cruas. Mas a receita acabou sendo um sucesso absoluto. O nome foi escolhido por estar havendo na cidade exposição do pintor renascentista Vittore Carpaccio (1460-1525), conhecido por usar em todos os seus quadros luminosos tons vermelhos. Lembrando a cor da carne crua. Ao Brasil chegou só na década de 70, trazida por Massimo Ferrari, para seu restaurante em São Paulo - o "Massimo", claro.
Passou o tempo. E, hoje, há já muitas variantes daquela primeira receita - agora também usando lâminas de peixe, frutos do mar, legumes, até queijo. E, como acompanhamento, molhos diversos - sendo mais comum, entre nós, um feito com azeite, mostarda, limão, alcaparra, salsinha, sal e pimenta, polvilhado com lâminas de queijo parmesão.
Em 1980, morto Giuseppe, assumiu o bar seu filho Arrigo Cipriani. Com o cuidado de não mudar nada na casa, nem a decoração, nem o cardápio - exceção apenas, em sua mesa de trabalho, à presença de um moderno computador. Por isso quem andar pela bela cidade de Veneza, ainda hoje poderá degustar, naquela ruazinha tranqüila, um carpaccio que será servido com a mesma receita criada pelo velho Giuseppe Cipriani. Vale a pena.
domingo, 15 de agosto de 2010
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
The Promise
You know in the end, I'll always be there.
But when you're in doubt, and when you're in danger,
Take a look all around, and I'll be there.
When your day is through, and so is your temper,
You know what to do, I'm gonna always be there.
Sometimes if I shout, it's not what's intended.
These words just come out, with no gripe to bear.
I gotta tell you, I gotta tell you, I need to tell you..."
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
A Via Láctea
"Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz...
Mas não me diga isso...
Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima...
Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor...
Mas não me diga isso...
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?...
Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim...
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim...
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho...
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou...
Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim...
Não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim..."
Por entre os dedos
Me abaixo e apanho uma concha. O vento levanta a areia branca que toca meus pés. As ondas estão pequenas, quase marolas. Tem pouca gente na praia, pois ainda é muito cedo e não estamos em temporada de férias. Um senhor com um bigode esquisito de seus 50 anos passa ao meu lado a passos largos fazendo seus exercícios matinais. Uma mulher baixa e gorda levando um cão a tira colo tenta acompanhá-lo. Olho para a concha em minha mão. Branca com rajas marrons e pretas. Dou uns passos a frente e logo as ondas me acertam os tornozelos. A água esta fria. Sinto um leve tremor no corpo, mas logo a sensação se torna agradável. O céu esta azul como nunca esteve. Quase não há nuvens no céu. O sol brilha como se estivesse no seu máximo e a areia reflete seus raios me fazendo cerrar os olhos. Ergo o braço e arremesso a concha de volta ao mar com toda minha força. Ela bate na água, resvala e novamente sobe esbarrando de frente com uma onda. Some. Por um momento desejei esta no lugar da concha. Um vendedor de cocos passa e me oferece um, dispersando meus pensamentos.
Volto para a areia e me sento perto de onde as ondas morrem, ainda tocando meus calcanhares. A maré parece que esta enchendo, a tirar pelas ondas que cada vez mais avançam em minha direção. O silencio é quebrado por gritos de crianças que brincam com seus castelos de areia.
Escrevo palavras soltas na areia com a ponta dos dedos que as ondas insistem
Olho para os lados e vejo que a praia não esta mais tão vazia.
Avisto ao longe, quase que imperceptível, um barco que logo desaparece entre as ondas.
O sol já começa a queimar minhas costas e me levando novamente. Entro no mar e deixo as ondas me acertarem. Uma a uma golpeiam meu corpo me fazendo balançar. Mergulho. Silencio. Calmaria. A água não esta mais tão fria e a sensação e confortante.
Mais silencio. Abro os olhos, mas não enxergo nada a frente. Sinto as ondas passarem sobre minha cabeça. O tempo parece que passa mais devagar. Vem-me na mente momentos de minha infância e novamente uma sensação de bem estar. Mesmo em baixo d’água avisto o sol que me observa imparcial. Resta-me pouco ar nos pulmões mas mesmo assim ainda mergulho mais fundo e toco a areia abaixo de mim. Apanho um punhado de areia e subo. Puxo todo o ar que é possível e sinto-o inundando meus pulmões. Nado de volta a praia e deixo lentamente a areia me escorrer por entre os dedos, assim como minha vida.
Eduardo Ramos
Lya Luft
Favores
Tati Bernardi
Doublé de corpo
o habitante do meu corpo, este estranho dublê de retratos
Talvez até eu já vivesse em algum corpo emprestado
Esperando só por você pra reunir meus pedaços
Foi tanta força que eu fiz por nada, Pra tanta gente eu me dei de graça
Só pra você eu me poupei
Será que o tempo sempre disfarça, Tomara um dia isso tudo passa
Desculpa as mágoas que eu deixei
Eu já dei a outra alma aos bruxos e vampiros
Eu quero que eles façam a festa enquanto eu me retiro
Só você sentiu por mim o que nem eu sentiria
Você foi o meu escudo e eu a própria covardia
Se você ainda acreditar, eu prometo dublar seu corpo
Te proteger, te poupar das dores, Te devolver o amor em dobro
Não se ama, amor, em vão
Por isso, eu te peço (de um jeito meio sem-vergonha, que é assim que eu costumo ser): se eu gostar de você, tenha a gentileza de não me deixar tão solto. Não me pergunte aonde vou, mas me peça pra voltar. Sou fácil de ler, mas não tente descobrir porque o mesmo refrão insiste em tocar tanto. Se eu gostar de você, tenha a delicadeza de também gostar de mim. E me deixe ser, assim, exatamente como eu sou. Meio gato, meio gente. Desconfiado e independente.”
Fernanda Mello
Trechos de cartas imaginárias
Quanto tempo a gente leva para repousar os olhos nas pessoas ao nosso redor? E ir deslizando pelos pequenos detalhes, na beleza não manifesta e, ao mesmo tempo, ofuscante? Quanto tempo a gente leva para repousar os olhos nos olhos do outro, sem qualquer pressa, sem procurar ali dentro o próprio reflexo?
Há sempre alguma janela nas paredes,ainda que pequenina
Hoje eu comprei sementes de girassol. Há isso de extraordinário no mundo. Quando alguém se sente só ou com saudade de outrem pode comprar sementes de girassol para vê-lo crescer. Se me ocupo da semente é porque escuto o seu silêncio. O silêncio com que ela abraça, tão brandamente, o seu grãozinho de terra.
Nenhum amor floresce preso numa casa, sem contemplar, por instantes, a luz de uma tarde... Então, guardei aquela fotografia por dentro dos meus olhos para quando eu olhar você. E você, como sempre, não me responder palavras, não me escrever palavras, mas quando o sol for sumindo, me estender sorrindo o seu cachecol xadrez.
Sabe, acho que ninguém vai entender. Ou se entender não vai aprovar. Existe em nossa época um paradigma que diz: enquanto você me der carinho e cuidar de mim, eu vou amar você. Então, eu troco o meu amor por um punhado de boas ações. Isso a gente aprende desde a infância: se você for um bom menino, eu vou lhe dar um chocolate. Parece que ninguém é amado simplesmente pelo que é, por existir no mundo do jeito que for, mas pelo que faz em troca desse amor. E quando alguém, por alguma razão muito íntima, corre para bem longe de você? A maioria das pessoas aperta um botão de desliga-amor, acionado pelo medo e sentimentos de abandono, e corre em direção aos braços mais quentinhos. E a história se repete: enquanto você fizer coisas por mim ou for assim eu vou amar você e ficar ao seu lado porque eu tenho de me amar em primeiro lugar. Mas que espécie de amor é esse? Na minha opinião, é um amor que não serve nem a si mesmo e nem ao outro.
Não estou falando de um mundo cor-de-rosa ou de pessoas perfeitas, sempre prontas para nos acolher, amar, caminhar ao nosso lado. Não falo disso, mas da tristeza nos olhos de quem vira as costas e a gente não vê. A beleza por dentro de um peito encouraçado que a gente não sente. A solidão de quem afasta um amor e se deita em camas tão frias. É do instante quando os olhos se perdem no nada e nenhuma mentira é capaz de enganar si mesmo. É desse instante solitário, desse instante sem abraço, que eu digo. Todo mundo vai virar as costas ou dizer que merece coisa melhor ou debochar das mentiras que eles contaram... mas a gente pode sempre voltar e acolher com amor, ser os primeiros a começar. Afinal, se a hostilidade do mundo despertar a nossa, quem vai ser o primeiro a sorrir?
Então, quando você me beijar,vai sentir o gosto da minha escrita,pois a fim de nunca esquecê-las eu trago todas as minhas palavras na ponta da língua
— E você, por que desvia o olhar?(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)
Instruções para se apaixonar
quando estiver bem levinho,
solte as amarras
e flutue
Me dispo
De teus vícios
E tuas superstições
De tua pele branca
e teus cabelos negros
Me dispo de teu sorriso largo
De teu cheiro perturbador
E tua nuca inevitável
De teu olhar raso
E de teus sentimentos Profundos
Me dispo de teus lábios poderosos
De tuas irrefutáveis coxas
E tuas frágeis mãos
E no final o que sobra...
Um tolo com um lápis e um papel em branco
UM DIA ACORDARÁS
a janela abrirás, devagarinho: fará nevoeiro e tu nada verás... Hás de tocar, a medo, a campainha e, silenciosa, a porta se abrirá.
E um ser, que nunca viste, em um sorriso triste, te abraçará com seu maior carinho e há de dizer-te para teu assombro:
- Não te assustes de mim, que sofro há tanto! Quero chorar - apenas - no teu ombro e devorar teus olhos meu amor...
Mario Quintana
Presença
Mario Quintana
E estender as mãos e te apanhar tímida em um canto
Quero deslizar meus dedos e te trazer junto a mim
E lentamente te cheirar e imaginar tua essência
Quero te levar pra cama, te abrir e folhear sem razão nem direção
E viajar em sua companhia, por lugares que nunca imaginei conhecer
Quero te explorar de tal maneira, que não sobre nada para ser visto
Mas toda vez que tento te decifrar, es diferente
E eu so quero lhe reler e reler e reler....